Estocolmo é uma cidade onde os membros do governo não usam veículos oficiais, não precisam de uma escolta milionária, passam a ferro a própria roupa e os ministros usam as próprias viaturas para ir trabalhar ou vão a pé durante o Verão. O respeito ao dinheiro público é quase uma religião na Suécia.
Austeridade e livre mercado é algo que se percebe chegando ao país nórdico. O país foi moldado num espírito empreendedor e de sacrifício. A história da cigarra e da formiga. Preparem-se para o Inverno.
No entanto quando se dá como exemplo a Suécia faz-se sempre a partir do gasto público. Um pouco de história.
Entre 1850 e 1950 a Suécia foi o 2º país que mais expandiu a economia, superado somente pela Suíça. O sucesso do reino nórdico esteve intimamente ligado a um capitalismo pujante e uma indústria de primeira linha. No entanto, os sociais democratas lançaram uma agenda cada vez mais intervencionista, que todo o mundo viu com bons olhos, excepto os suecos.
Os sociais democratas, cedo perceberam que o mercado livre e o capitalismo eram os pilares que sustentavam a economia do país e o Estado passou de 20% do PIB a tornar-se cada vez mais interventionista durante as décadas de sessenta e setenta.
Apesar do partido socialista ter estado no poder de 1932 até 1991 de forma quase inenterrupta, até aos anos 60, os seus líderes geriram a despesa pública de forma quase irrepreensível. A partir daí começou uma espiral de intervencionismo que aumentou a despesa pública para 60% do PIB e a lista dos funcionários públicos triplicou.
Entre 1960 e 1989, a carga fiscal dos suecos passou de 26% para 52% do PIB. No intervalo de 1965 a 1985 perderam-se cerca de 300 mil empregos no sector privado, no entanto os números do desemprego não aumentaram já que o número de funcionários públicos aumentou para 800 mil, o dobro da média dos países da OCDE. No início da década de 90, o modo tornou-se insustentável: a taxa de desemprego subiu para 14%, o défice situava-se nos 11% e a despesa pública situava-se nos 70% do PIB. A única forma de contornar a situação era ou tomar medidas reformistas ou endividar-se mais.
O primeiro ministro da época, Carl Bildt iniciou uma reforma liberal no país. Baixou impostos, reduziu as pensões e começou um programa de privatizações. Deixou que os privados tomassem conta da educação e da saúde e introduziu o cheque escolar e o cheque saúde. Reduziu também o IRS para 27%, dos mais baixos da União Europeia.
Sendo um país líder em serviços médicos, gasta mais ou menos o mesmo que Portugal 9,7% do PIB, e gerido por gente que cujo fim é fazer lucro.
Uma das perguntas de quem é contra o liberalismo é "E quem faz as estradas?". Na Suécia dois terços das estradas são privadas. Graças à privatização de inúmeros sectores o desemprego baixou e situa-se abaixo dos 6%.
Desde 2006, a Aliança Sueca não tem parado de baixar impostos e apesar da fama de alta tributação, os números estão perto dos praticados por Portugal ou Espanha.
A Suécia é um claro exemplo que o estado do bem estar e o capitalismo podem conviver lado a lado.