29 de abril de 2012

A neo-lingua como forma de manipulação



A linguagem é uma poderosa ferramenta de comunicação, como todos sabem, mas também pode ser uma ferramenta de manipulação como dizia Orwell na sua novela 1984. Orwell falava da neo-lingua que foi criada pelo grande estado ao serviço do grande irmão para melhorar o controlo de todos os cidadãos. Essa neo-lingua foi criada para fazer inviável qualquer outro pensamento que não fosse o "pensamento único" que o estado impunha.


Se repararem, hoje em dia, também existe uma espécie de pensamento único e os governo tentam legislar para que os cidadãos não se desviem dessa linha. Tenta-se evitar a pluralidade de ideias.
Tal como em "1984", a neo-lingua era a forma de evitar os "crimes de pensamento" que mais não eram que diferentes tipos de ideias. 
Se estiverem atentos, irão notar que principalmente nos meios de comunicação criaram-se uma série de conceitos e palavras que suavizam ou agravam o conceito a que se referem. São frequentemente usadas por políticos, jornalistas, comentadores, psicologos etc. É uma linguagem baseada em eufemismos para tentar controlar as massas. Darei alguns exemplos:

  • Quando despedem alguém, já não usam o verbo despedir mas sim a expressão "prescindir dos serviços" ou "o indivíduo x desvinculou-se do nosso projecto"
  • Outro exemplo é tentar criar a ideia de ameaça. Por exemplo há uns tempos Obama alertava que a Coreia do Norte ia lançar um satélite para o espaço através de um míssil. O que não se disse é que o satélite era meteorológico e que a única forma de envia-lo para a orbita terrestre, é através de um foguete e não de um "míssil". Talvez os sul-coreanos usam foguetes e os do norte utilizam mísseis.
  • A crise também entra neste jogo de palavras, agora passou a ser desacelaração económica.
  • Os exércitos passaram a denominar-se "Tropas de Paz". Os mercenários passaram a ser "forças de libertação" ou "rebeldes" de forma a que o receptor da mensagem não pense que estes grupos estão na maior parte das vezes ligados aos governos ocidentais.
  • Os cortes na saúde e na educação são chamados de "reformas do estado", para que você pense que são apenas ajustes e não claras reduções de orçamento.
  • Nas guerras, quando se matam inocentes, utliza-se a expressão "danos colaterais" e as bombas passaram a ser inteligentes, criando a ideia que a bomba distingue na multidão ao terrorista.
  • Se sobem os preços dos bens de consumo, não lhe chamam subida, mas sim reajuste.
  • Á piora das condições de trabalho, denomina-se flexibilidade das leis laborais.
  • Nunca se diz que um banco está na bancarrota, mas apenas que tem "falta de liquidez" o que acontece quando tem "crescimento negativo". Esta é uma expressão curiosa. Já imaginou uma planta ou um animal a "crescer negativamente". É uma ideia absurda, não é?
  • Os países já não são invadidos. São libertados.
  • Outra expressão curiosa é o "Eixo do Mal", que mais não é que o eixo de todos os países com ideias diferentes ás do ocidente. Normalmente chamam ás pessoas desses países "dissidentes" ou "terroristas", mas se essas pessoas vivem no ocidente, são chamados de anti-sistema.
  • As crianças já não são crianças, mas sim menores. E os pobres são indigentes.
  • As empresas quando vão para países do terceiro mundo, explorar as pessoas desses países com salários e condições miseráveis são deslocalizadas
Isto tudo são exemplos de como nos manipulam, tentam apagar os axiomas que temos adquiridos para implementar ideias suavizadas. Estejam atentos ás notícias e verão como nos tentam passar todos estes exemplos que vos dei e muitos outros.

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