16 de dezembro de 2014

A Rússia e o padrão ouro


Rússia demonstrou hoje claramente porque é que um sistema monetário racional precisa do padrão-ouro. Neste momento, o rublo afunda-se porque as perspectivas de receitas do petróleo russo caíram: a taxa de câmbio flexível torna-se, assim, uma unidade de conta ligada a um ativo financeiro à mercê das flutuações do mercado. Não é uma âncora, mas sim um acordeão imprevisível.

A alternativa para a Rússia teria sido pôr em prática um câmbio fixo: neste caso, durante o boom dos preços do petróleo as reservas do banco central teriam disparado sem que a taxa de câmbio subisse. Ou seja, a Rússia poderia ter feito o que a China tem feito. Problema resolvido? Não.



Fora do padrão-ouro, as reservas dos bancos centrais constituída pelas moedas dos bancos centrais estrangeiros (principalmente dólares e euros). A China é um exemplo claro: o banco central está cheio de dólares. Faz sentido forçar o banco central russo a tornar-se num investidor passivo dos EUA e da Europa? Ou seja, será que faz sentido forçar o Banco Central a assumir riscos de propriedade de gestão de bancos centrais estrangeiros? Não faz qualquer sentido: por isso é que precisamos de um activo de reserva que não seja o passivo de outros, e cujo valor não está associado a qualquer estado particular. E esse valor patrimonial desestatalizado internacionalmente reconhecido em qualquer contexto de turbulência económica é o ouro.

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