13 de julho de 2015

Sobre a pobreza

Estamos acostumados a pensar que o mundo é rico e que a pobreza é uma casualidade. Não é bem assim. A maior parte da humanidade viveu em condições de extrema pobreza durante a maior parte da história. Inglaterra, França ou Suécia eram países pobres até há relativamente pouco tempo.

Na Europa até ao século XVIII havia períodos de fome e escassez de alimentos a cada vinte anos. Com a revolução industrial e a introdução do capitalismo essa situação inverteu-se. Com a produção através do trabalho, da poupança e do capital, os trabalhadores foram-se tornando mais prósperos. Nunca se viveu tão bem desde que existe capitalismo, o resto são lendas e mitos urbanos.

O Syriza destruiu a economia grega

O Eurogrupo estima que um terceiro resgate à Grécia rondaria os 86 mil milhões de euros, se juntamos os 240 mil milhões recebidos anteriormente nos resgastes, a reestruturação da dívida e as injecções de liquidez do BCE, a Grécia já recebeu ajudas equivalentes ao 254% do seu PIB, um valor 12 vezes superior à ajuda recebida pela Alemanha em 1953 no tratado de Londres.

Estes valores são brutais, mas a Grécia torna-se num "poço sem fundo" na altura em que a confiança dos seus cidadãos e parceiros é perdida justamente quando o Syriza chega ao poder.

12 de julho de 2015

Obras em contra-relógio para as Festas da Agonia 2

Rua da Bandeira. 12 de Julho de manhã

Rua de Viana (perpendicular à Avenida)

Restaurante Recanto 

Viela da cova da onça

Praia do Cabedelo, Amorosa, Castelo de Neiva, Paçô, Arda, Pedra Alta e Insua (Afife)





O Estado do Comércio Local


O Centro Comercial 1º de Maio, no centro de Viana do Castelo, mostra bem o estado em que está o comércio local. Com algumas lojas ocupadas no exterior e com uma praça cuja ocupação nunca é superior a 10 pessoas, fazendo a excepção nas festas, o local vem sofrendo um abandono progressivo desde que o grupo Sonae abriu o estação shopping. 


Este é um dos graves problemas da cidade: a falta de concorrência. Viana não pode conviver com dois centros comerciais a fazer concorrência um ao outro.

Desconheço se o edificio pertence a algum privado ou se é público. Mas não se pode deixar um edifício destes ao abandono como está.


Este facto mostra que o comércio local está nas ruas da amargura. Mostra que ninguém investe por cá e isso é bastante triste.


11 de julho de 2015

Convento de São Francisco do Monte

Numa cidade normal não se deixa património histórico ao abandono. Em Viana do Castelo temos um belíssimo convento franciscano com mais de 500 anos exposto ao vandalismo, ao lixo e à sorte. 

A famosa "Casa de Reflexão" que Rui Teixeira, director do IPVC, queria instalar parece que ficou só no papel.

A Crise Europeia (VIDEO)

Afundamento da Grécia

Da dignidade do não até à claudicação do sim

10 de julho de 2015

Flores




A minha proposta para Viana do Castelo

Muitos me dizem que só critico e que não proponho nada, pois aqui vai o meu conceito do que deve ser uma Câmara Municipal. É uma visão de senso comum, liberal e que respeita os direitos dos munícipes. Viana tem um problema grave de desertificação e a população está a envelhecer a olhos vistos. Dentro de duas décadas muitas das freguesias do concelho vão ficar com a população extremamente envelhecida. Uma cidade com este tipo de problema não precisa de mais obras públicas e de requalificações urbanas sem qualquer sentido. A oferta normalmente não cria a procura só pelo facto de existir. Ou seja, se eu abro um negócio, não é garantido que tenha clientes só pelo facto de existir. Essa foi a linha da Câmara nas últimas décadas.

Apresento três linhas mestras que a cidade precisa seguir se quiser alterar este marasmo. São linhas que seguiram bastantes países, e apresentaram efeitos imediatos. Um deles, curiosamente, é a China. Apesar de ter um governo comunista e se desrespeitem os direitos humanos, abriu-se ao estrangeiro e hoje é a maior economia do mundo. Repito, não concordo com o regime chinês, mas a estratégia de dar iniciativa aos privados foi o motor do seu crescimento económico. Esta torna-se assim a primeira das três linhas mestras.


Obras em contra-relógio para as Festas da Agonia

Uma coisa que todos os políticos adoram são inaugurações. O acto de cortar a fita deixa qualquer político com sonhos húmidos. Aparecer diante dos jornalistas e da população para inaugurar qualquer mamarracho público sem utilidade, é quase como tirar boas notas no "exame" da governação. José Maria Costa não é diferente e adora inaugurações. Houve um pequeno problema durante esta legislatura, o governo de Passos Coelho, não foi muito amigo da criação de obra pública e só agora com os fundos comunitários chegou algum dinheiro para poder brincar aos arquitectos e urbanistas.

Quando o dinheiro chegou, Zé Maria nem olhou para o calendário. Urge fazer obras e já! As Festas da Agonia estão a chegar, os media vão aparecer em peso e eu preciso de inaugurar alguma coisa. Vale tudo. Desde cavar buracos para depois os tapar como as obras da praia do Cabedelo, mudar pavimento às ruas por onde quase ninguém passa ou empreender obras faraónicas na Praia Norte.

Os fundos comunitários para os próximos 5 anos estão a ser esbanjados em obras desnecessárias. Até 2020 não vai haver mais dinheiro da Europa e Zé Maria decide que é já em 2015 que é preciso gastar. Daqui a dois anos sai da Câmara mas pode dizer que tem obra feita. Os problemas estruturais de Viana como a falta de atractividade para viver e trabalhar aqui continuam sem ser resolvidos, mas embarcamos mais uma vez no populismo da obra pública.


O comércio, também não importa muito a Zé Maria, que deve pensar que todos os empresários tem acesso à conta sem plafond dele. Então, decide arruinar-lhes a vida, fazendo obras na rua em frente aos seus estabelecimentos nos meses em que mais facturam.

Só nas praias vão gastar-se mais de 18 milhões para fazer algo que a maior parte da população desconhece. Os melhores urbanistas preparam-se para replicar a famosa obra da Praia da Afife, que tanto agradou aos frequentadores da praia. 

Tudo isto acontece perante a passividade dos vianenses, que continuam a levar a sua vida pacata e sonolenta, enquanto Zé Maria atenta contra o urbanismo da cidade e contra as belíssimas praias do concelho. Os problemas de Viana vão continuar sem solução por pelo menos mais 2 anos. É triste.

Celebrar a dignidade para depois baixar as calças à Troika

Foi no mínimo ridículo o referendo de Domingo na Grécia, o ponto agido da governação do Syriza na minha opinião. Ridículo foi também o papel que algumas pessoas fizeram, como se tivessem conquistado alguma coisa. A política assemelha-se mais ao futebol, onde cada um defende as suas cores   de forma cega, enquanto os políticos arrebatam a liberdade individual. O pensamento em manada é fantástico.

Mais ridículo ainda é o papel trágico-cómico do Syriza, em apenas quatro dias, mudam de rumo e fazem uma proposta à Troika bastante semelhante com aquela que rejeitaram e sobre a qual 62% do povo grego tinha rejeitado nas urnas.

Aqui fica uma lista das propostas:


  • Aumento do IVA equivalente a 1% do PIB.
  • IVA de 23% para alimentos não básicos, tratamento de águas e restaurantes.
  • Eliminação progressiva do desconto de 30% do IVA nas ilhas, a concluir em 2016.
  • Eliminar os benefícios fiscais dos agricultores
  • Abolir o regime fiscal privilegiado da industria naval.
  • Cortes na despesa militar de 100 milhões de euros em 2015. (Troika exige 400 milhões)
  • Reforma no sistema de pensões grego.
  • Eliminar incentivos às reformas antecipadas.
  • Aumento da idade da reforma para os 67 anos.
  • Incrementar as taxas moderadoras na saúde de 4 para 6%.
  • Eliminar taxas e imposto dirigidos para financiar pensões.
  • Reforma laboral.
  • Privatizações em curso não podem ser alteradas.
  • Privatização dos aeroportos regionais e da empresa estatal de comunicações.

Algumas das propostas do Syriza vão além da proposta da Troika, o que é caso para perguntar qual é a legitimidade de Alexis Tsipras para negociar uma proposta destas? É caso para dizer que o Syriza fez 5 meses de birra, convoca um referendo, ignora o resultado e aceita a proposta da Troika depois de ter levado o país à bancarrota. É isso que queremos em Portugal também?


9 de julho de 2015

O parque automóvel de Viana do Castelo


Qualquer pessoa que circule pelas ruas de Viana notará nos fantásticos automóveis que por aqui andam. Sendo a economia desta cidade uma desgraca, é de estranhar ver tantos Mercedes, BMW ou Audi a circular. A maior parte de espaços para comércio da cidade estão ao abandono, emprego escasseia, mas o número de carros de gama alta aumenta. 

É um fenómeno curioso que acontece em todo o país e não é uma coisa recente, apesar das vendas deste tipo de carros tenha aumentado bastante nos primeiros meses do ano. Antes os empresários do têxtil compravam uma casa e um Ferrari quando o negócio funcionava bem. Nada contra, ainda que pagassem pouco mais do salário mínimo aos funcionários, mas o risco do empresário também precisa de ser recompensado.

Este modelo no entanto desapareceu graças à bolha de obras públicas e quem passou a andar de Mercedes passou a ser o empreiteiro. O dinheiro anda em círculos. Os fundos comunitários chegam a Portugal, as câmaras esbanjam o dinheiro em obras públicas (como ilustra a imagem nada melhor que blocos de granito para o pavimento duma praça antes ocupada por arrumadores de carros), os empreiteiros enchem os bolsos (pagam o salário mínimo aos empregados) e o dinheiro regressa à Alemanha para comprar o último modelo da Mercedes.

As obras públicas acabam por nunca ser rentáveis e o dinheiro regressando à Alemanha (de onde veio) nem chega a movimentar a nossa economia. Este é o capitalismo de compadres que as Câmaras Municipais usam e abusam. Não chegou a crise subprime, é preciso encher mais uma bolha de obras públicas para ajudar os amigos ligados à construção para que estes possam andar no último modelo de uma qualquer marca de carros alemã.

7 de julho de 2015

Carta do Arquitecto Marques Franco sobre a Burocracia em Viana do Castelo

Não posso deixar de expressar o meu mais vivo repudio por um conjunto de factos relatados pelo jovem Carlos Maciel no seu blog, que se lembrou agora de denunciar, com o intuito declarado de combater a burocracia na Câmara municipal.
É uma autêntica sainha persecutória contra um dos pilartes- base da nossa organização municipal e um dos traços indeléveis na identidade nacional. O miúdo podia perfeitamente entreter-se em ir ao cinema ou à praia, vira-se agora para palermice de querer reduzir papeis, documentos, certidões e registos e mais um rol de infindáveis abolições de procedimentos da Câmara Municipal. Vê-se mesmo que é gente que não percebe patavina do que é que o pessoal mais necessita e vai atrás das modernices idiotas sopradas pela net.

Ora, acontece que a burocracia é precisamente uma das coisas boas que o município tem, e que faz com que a malta até goste de andar por cá em vez de desertar para a “estranja”. Metade da actividade do município desenvolve-se a tratar de coisas e documentos inúteis, que dão trabalho a um rol de gente. Se insistirmos nesta idiotice de acabar com a complexidade dos serviços municipais, vamos ter montes de gente no desemprego, com estradas e praças às moscas e um aumento considerável de depressões e suicídios. A história é-nos vendida como uma coisa que se destina a facilitar a vida aos munícipes. Mas quem é que lhe disse que a gente quer a vida facilitada? Quando deixar de ser preciso gastar uma manhã para marcar uma reunião com o presidente, um vereador, para entregar uma escritura, 32 documentos para licenciar uma casa, ou ir para a bicha da tesouraria, como é que o pessoal vai arranjar desculpa para se desenfiar do emprego e aproveitar para laurear a pevide, que é uma coisa essencial ao bem-estar psíquico das pessoas? Isto para não falar da instabilidade provocada pela ausência de motivos para dizer mal da vida e lamentar as chatices e os incomodas na sala de espera da Câmara Municipal, que é o local que os Vianenses elegem para o exercício da democracia já que não vão às Assembleias Municipais.

Mas o mais lamentável disto tudo é que deixamos de poder distinguir os espertos dos lorpas. A burocracia instalada é um mecanismo natural de seleção que levou anos a fio a montar. Os inteligentes e desenrascados sempre conseguiram dar a volta às dificuldades e armadilhas do sistema e são capazes de sacar um papel no próprio dia enquanto os bananas esperam seis meses.

É um filtro natural e um magnífico modelo de avaliação de desempenho que ficaria agora ameaçado. Apesar de tudo, estou confiante que a engrenagem era capaz de suster esta ameaça. No mínimo, espero para acabar com a burocracia na Câmara Municipal seja necessário nomear por ajuste directo meia dúzia de comissões e grupos de trabalho, e criar mais uma centena de formulários, quadros sinópticos e respectivas instruções de preenchimento que, bem geridas poderão assegurar a perpetuação do sistema.

Marques Franco

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