Quando o dinheiro chegou, Zé Maria nem olhou para o calendário. Urge fazer obras e já! As Festas da Agonia estão a chegar, os media vão aparecer em peso e eu preciso de inaugurar alguma coisa. Vale tudo. Desde cavar buracos para depois os tapar como as obras da praia do Cabedelo, mudar pavimento às ruas por onde quase ninguém passa ou empreender obras faraónicas na Praia Norte.
Os fundos comunitários para os próximos 5 anos estão a ser esbanjados em obras desnecessárias. Até 2020 não vai haver mais dinheiro da Europa e Zé Maria decide que é já em 2015 que é preciso gastar. Daqui a dois anos sai da Câmara mas pode dizer que tem obra feita. Os problemas estruturais de Viana como a falta de atractividade para viver e trabalhar aqui continuam sem ser resolvidos, mas embarcamos mais uma vez no populismo da obra pública.
O comércio, também não importa muito a Zé Maria, que deve pensar que todos os empresários tem acesso à conta sem plafond dele. Então, decide arruinar-lhes a vida, fazendo obras na rua em frente aos seus estabelecimentos nos meses em que mais facturam.
Só nas praias vão gastar-se mais de 18 milhões para fazer algo que a maior parte da população desconhece. Os melhores urbanistas preparam-se para replicar a famosa obra da Praia da Afife, que tanto agradou aos frequentadores da praia.
Tudo isto acontece perante a passividade dos vianenses, que continuam a levar a sua vida pacata e sonolenta, enquanto Zé Maria atenta contra o urbanismo da cidade e contra as belíssimas praias do concelho. Os problemas de Viana vão continuar sem solução por pelo menos mais 2 anos. É triste.