Desde já quero dizer que sou contra. Para quem não sabe, o nosso ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado, quer aprovar um decreto de lei, no qual a língua portuguesa (de Portugal) terá uma revisão ortográfica de modo a que se assemelhe ao português do Brasil. Ao ser aprovado, daqui a 10 anos, o português ensinado nas escolas dos PALOP terá já as palavras escritas parecidas ao Português do Brasil. Deste modo desaparecerá o "H" mudo em palavras como Hoje, Hilariante, Húmido etc. Outra revisão que querem fazer é retirar o "C" em acção ou o "P" em Baptismo.
Eu acho que as duas variantes da língua portuguesa podem muito bem conviver lado a lado. Sem que cause qualquer confusão ao falante. Mas como nisto o que importa é o numero de falantes, e o Brasil tem muito mais que nós haverá pressões para a uniformização do Português. De referir que somos a 3ª língua ocidental mais falada no mundo e a 8ª ou 9ª mais falada no mundo.
Ao ser aprovado este acordo, penso que muita da beleza e riqueza do nosso idioma iria desaparecer, dando lugar um idioma escrito descaracterizado. Afinal de contas, a língua é uma das vertentes mais importantes da cultura de um país e uniformiza-la tiraria essa tal riqueza.
Abaixo fica a lista do que iria desparecer ou ser acrescentado ao nosso idioma.
- As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os
brasileiros (e os outros) terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo";
- mudam-se as normas para o uso do hífen no meio das palavras;
O hífen vai desaparecer do meio de palavras, com excepção daquelas em que o prefixo termina em `r´, casos de "hiper-", inter-" e
"super-". Assim passaremos a ter "extraescolar", "aeroespascial" e "autoestrada".
- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do substantivo dos verbo "crer",
"dar", "ler","ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem";
- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos";
- O trema (brasileiro) desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio;
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de "k", "w" e "y";
- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição);
- No Brasil, haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia;
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo ;
- Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido";
- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras:
académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.