6 de agosto de 2015
Estónia: ignorar os bons exemplos
Em 1990 a Estónia libertou-se da opressão soviética. Uma viagem a Tallin mostra como toda a gente está preocupada em empreender e em melhorar os seus negócios. Há uma anedota que os taxistas costumam contar que relata uma viagem de comboio onde vão um americano, um russo e um estoniano. O americano tira um maço de tabaco da mala, puxa um cigarro, acende-o e atira o resto pela janela. De seguida diz: "Na América temos tanto tabaco que até me dou ao luxo de atirar o maço pela janela". O russo, perante este cenário tira uma garrafa de vodka, dá um gole e atira a garrafa pela janela. O estoniano perplexo perante este cenário, pega no russo e atira-o pela janela.
Esta anedota é bem reveladora da história dos Bálticos, que após o colapso da União Soviética decidiram virar costas ao socialismo e ao gasto público desmedido. A austeridade deu resultados na Estónia: enquanto que a média de défice dos países europeus é de 3,7% e a dívida pública de aproximadamente 90%, no país Báltico o défice é de 0,6% e a dívida encontra-se nos 10% do PIB. A Estónia é também dos países com mais liberdade económica ocupando a 8ª posição (Portugal ocupa o 64º lugar).
A Estónia teve ainda uma bolha imobiliária, que não tentou disfarçar com planos de estimulo à economia. Aplicou austeridade à séria e reduziu a despesa pública em cerca de 10% do PIB. Apesar de ter subido o IVA de 18 para 20% em 2013, esta medida não teve muitos efeitos na economia porque os estonianos não caíram no erro de subir os impostos sobre o rendimento: na Estónia aplica-se uma flat tax de 21% no IRS e o IRC também está nos 21%, mas apenas quando se reparte o lucro da empresa.
O sistema estoniano procura taxar o consumo e não o rendimento, isto permite que as empresas sejam mais solventes à hora de investir e liberta os bancos de dar crédito às empresas.
A receita de sucesso da Estónia foi perceber que o Estado tem que ajustar a sua despesa às receitas, que a economia é cíclica e que é preciso ter muito cuidado com o dinheiro dos contribuintes. Em Portugal preferimos aumentar os impostos para manter um Estado hipertrofiado e gastador, na Estónia recortam na despesa e deixam o mercado funcionar. O país báltico aprendeu dos erros e tornou-se numa economia que exporta tecnologia. Apesar de Portugal querer ostentar o título de Silicon Valley da Europa às custas de investimento público, a Estónia é conhecida por o Skype ter sido criado por lá. O país detém ainda o recorde sobre o número de empresas criadas por pessoa.
Ver que um Estado sabe admitir os seus erros, que sabe autolimitar-se e que não recorre à voracidade fiscal, mas que incentiva os seus cidadãos a empreender é raro nos dias de hoje. A Estónia é o exemplo de quando se dá condições favoráveis aos empresários, estes criam prosperidade. Das piores crises sai-se dando liberdade e poder de iniciativa às pessoas. Não existem modelos económicos perfeitos, mas o que se deve procurar é a criação de prosperidade e esta nunca será criada através do Estado.
Os países intervencionistas como Portugal dizem que a austeridade mata os mais fracos e que é preciso um Estado assistencialista que em vez de corrigir os erros, apenas varre o lixo para debaixo do tapete. A Estónia é um exemplo do sentido comum: recortar as despesas excessivas e atrair investimento criando um ambiente favorável.