Artigo escrito para o Minho Digital de 14 de Agosto de 2015
De igual forma não existe o direito de martirizar um animal num espectáculo público bruto, sanguinário e idiota, por muito que lhe chamem arte ou cultura. A arte e cultura de Viana são as mordomas trajadas, os tapetes de sal da Ribeira ou a procissão ao mar. Com este legado tão rico parece-me idiota tentar elevar um espectáculo medieval decadente ao mesmo patamar. Tenho vergonha que se associe as touradas às Festas da Agonia e a Viana.
Quanto à proibição, parece-me claro que a defesa dos direitos dos animais nunca foram o motivo para tomar essa decisão. Os maus tratos nunca estiveram presentes na discussão pública. E já que se continuam a permitir circos com animais, como o que foi organizado a semana passada ou nas feiras medievais onde se proíbe o porco no espeto, mas deixa-se que estejam aves selvagens presas em exposição, é no mínimo hipócrita usar a desculpa da defesa dos animais para a proibição. Portanto, "ou há moral ou comem todos."
Desconheço os motivos da proibição das touradas, mas penso que proibir a organização de qualquer evento é próprio de regimes autoritários, algo que pauta este executivo municipal. O que se deve proibir são os maus tratos aos animais e a lei já cobre essa situação, portanto se as associações querem organizar uma festa tauromáquica, sem mal tratar os animais, devem ser livres de o fazer. No momento em que infringirem a lei, aí sim as autoridades competentes terão que fazer cumprir a lei, responsabilizando os potenciais culpados. E o resto são histórias.