19 de agosto de 2015

O Mercado és Tu

"Os mercados" é uma expressão resultante do pensamento e da propaganda socialista que conseguiu vincular à imagem sinistra dos ricos obesos de smoking e cartola alta, sem coração, que gostam de contemplar as dificuldades dos outros e que a partir de seus escritórios luxuosos, manipulam as cordas da economia mundial como se de uma grande conspiração se tratasse. As grandes corporações, dizem os socialistas, conseguem fazer ajoelhar governos, para ditar as políticas com o único desejo de acumular uma grande riqueza.


Estes mercados (sempre no plural para parecerem muitos) impessoais, liderados por mãos secretas e por propósitos obscuros, impõe as suas regras aos governos democráticos e não dar a ninguém por suas ações. Perante este roubo democrático, as pessoas têm de reagir e os Estados agir para acabar com a com esta afronta à soberania popular.

Este discurso simplista, contagioso pela sua simplicidade e repetido até à exaustão, foi interiorizado pelas sociedades contemporâneas e na mentalidade das massas. Sob o pretexto de combater a mão invisível dos mercados, os Estados devem tomar a iniciativa de intervir, regular toda actividade económica e social para evitar ser manipulado pelos diabólicos mercados.

No entanto, os mercados não são uns senhores insensíveis que governam os nossos destinos a partir das suas torres de marfim, os mercados não são uma abstracção, uma máfia ou uma mão criminosa. O mercado és tu, o mercado é o teu vizinho, o mercado somos todos quando decidimos comprar ou vender alguma coisa. O mercado é a democracia perfeita, a capacidade de escolher de uma lista de possibilidades. Quanto mais mercado, mais escolha e mais liberdade para escolher a partir de uma enorme gama de opções. O mercado nos faz soberanos, nós é que decidimos se vamos punir o que nós não gostamos, decidindo não comprar ou recompensar, comprando o que gostamos. O mercado é um sistema no qual votamos todos dia, com as decisões de compra que tomamos. O mercado é um voto firme, é um referendo permanente feito todos os dias no qual participamos milhares de vezes todos os dias.

No mercado, o consumidor é rei. Cada decisão de compra é uma mensagem para as empresas sobre o que gostas e o que não gostas. Cada vez que compras algo, descartas ao mesmo tempo muitas outras opções. Como consumidor marcas o caminho que as empresas têm de seguir. Algumas ouvirão o cliente e serão bem sucedidas, outras que não sabem ler os gostos dos seus clientes, acabarão por sucumbir.

Não foi nenhum poder oculto que acabou com a Nokia ou com a Blackberry, nem foi nenhum poder oculto que deu êxito à Apple ou à Sonae. Foste tu e outros milhões de clientes, que foram responsáveis pelo sucesso destas empresas e muitas outras, embora muito custe aos políticos admiti-lo. 

Confrontado com a democracia de mercado, os políticos exibem a sua força coerciva e legislam para nos proteger os mercados, segundo dizem. Mas esta suposta protecção envolve a cedência de partes da nossa liberdade. Os infindáveis regulamentos, cada vez mais sufocantes, restringem a actividade económica e a capacidade das empresas para oferecerem mais opções. Os políticos só estão interessados em limitar a nossa capacidade de escolha. Só desta forma é que se aprovam restrições de tempo de trabalho, se escolhem empresas dos amigos em detrimento doutras mais produtivas etc.

Os inimigos da liberdade tendem a usar expressões abstratas, como "povo", "mercados" ou "os portugueses", para personificar os bons e os maus, nós e os outros, mas lembre-te, o mercado não é nenhum inimigo, o mercado és tu.

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