À mulher de César pede-se não só que seja mas também que pareça. O ser e o parecer estão intimamente ligados, mas parecer sem ser é coisa de charlatães. As Festas da Agonia, actualmente são exactamente assim. Padecem do mal de que nesses quatro dias se faz transparecer um orgulho na cidade, que não existe os restantes dias do ano. Durante a romaria é vê-los orgulhosos da sua cidade que não frequentam o resto do ano.
Uma cidade jamais pode viver para organizar uma festa que só se faz uma vez ao ano. Uma Câmara ambiciosa aponta para competir com Braga, com Aveiro e porque não com o Porto? No entanto os políticos pensam de outra forma e tal como Defensor Moura defende Viana deve-se equiparar a Guimarães ou Viseu, já que segundo ele, estas cidades padecem do mesmo mal que Viana: estão desertas. Nem vale a pena perder tempo com fanáticos, primeiro porque estas cidades não estão desertas e segundo Viana como capital de distrito deve comparar-se a cidades de semelhante calibre. É preciso ambição quando nos comparamos, afinal onde está o orgulho que tanto se demonstra na Romaria mais importante do país?
Outra coisa que me deixa chocado são as transferências de dinheiro dos contribuintes para as Festas da Agonia. Gastar 200 mil euros por uma festa parece-me imoral, quando existem graves problemas de desertificação que devem ser combatidos. Ainda mais quando a estratégia de anos anteriores de publicitar Viana nas Festas, para que os turistas venham cá o resto do ano, falhou rotundamente. Se as Festas da Agonia fossem uma montra para que turistas comprassem o produto Viana foi um fracasso. Redobrar a aposta quando estamos a perder é a atitude de um jogador fraco.
Aliás, não sei onde se gasta tanto dinheiro. Afinal o que as pessoas mais aprecia, na festa não custa muito dinheiro e até é feito com investimento das próprias pessoas, mais que não seja em tempo. Em que gasta tanto a Viana Festas? É na procissão ao mar? É nos desfiles? É nos tapetes? É em publicidade? Um orçamento mais pequeno concerteza cobriria todas as despesas associadas e a festa não sofreria uma diminuição de qualidade. Os eventos que se valorizam nas Festas pode ser feito com pouco dinheiro investido, deixando capital para o que realmente é importante.
É inaceitável que uma capital de distrito tenha falta de jovens, que não possua grande capital humano e que não haja movimento turistico. Assim sendo o objectivo principal da cidade não pode ser organizar uma festa, tem de ser fixar gente que trabalhe e invista cá. Esses 200 mil euros podem bem ser investidos a eliminar burocracias e a atrair empresas para que venham cá. Viana tem de ser vivida e estar como as Festas todos os dias do ano. Tem de ser e parecer.