6 de julho de 2015

O primeiro dia da ressaca grega

Ontem, o que a Grécia decidiu dizer à Europa foi "Eu odeio-te, não me deixes!". Em Portugal os menos informados falam sobre um governo grego que luta pelos direitos dos seus cidadãos. Eu pergunto-me quais direitos. O de declarar default? O de impor controlo de capitais aos seus cidadãos? O de fazer chantagem?

Não nos enganemos. Declarar default e continuar a gastar mais e mais barato é populismo puro. Quando um país não cumpre os seus compromissos o que acontece normalmente é.

Impacto negativo no crescimento a rondar o 1%.

Redução drástica na concessão de crédito. Sem financiamento internacional a Grécia corre o risco de perder cerca de metade da liquidez dos seus bancos.

Quebra nas exportações. Cerca de 10%.

Falência das PMEs por falta de crédito  ou por condições pouco atractivas. A confiança nas empresas gregas vai diminuir nos mercados internacionais.

A segurança social também entrará em falência, uma vez que 90% dos fundos são investidos em dívida soberana. Ou seja é impossível declarar o incumprimento da dívida sem desmoronar a segurança social.

Se analisarmos a lista de países que decidiram não pagar ao FMI encontraremos países como a Serra Leoa, Cuba, Somália etc. E todos eles levaram cerca de 10 anos para voltar a ver a luz ao fundo do túnel do "default". 
Outros exemplos são o Equador, onde Correa decidiu não pagar 3200 milhões ao FMI para financiar-se com a China a juros mais altos e num prazo mais reduzido. O Equador tinha petróleo, agora pertence à China.

Outro caso parecido foi o da Argentina que recusou pagar ao FMI para financiar-se com a Venezuela. O resultado foi uma desvalorização brutal da moeda. 

Um Estado falido que declara default é uma bomba relógio. Ontem não foi o final de nada, agora a Grécia vai sofrer a verdadeira austeridade. É uma questão de tempo.

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