1 de março de 2015

As 7 etapas dos Impérios

Todos os historiadores concordam que os impérios passam por ascensão, crescimento, estabilidade e queda. O filosofo alemão Hegel dizia que aprendermos com a história não faria com que tomássemos melhores decisões no futuro e dizia "Se há uma coisa que a história nos ensina sobre o povo e os governos é de que nunca aprendem com a história".


Após a queda da União Soviética em 1991, parecia que os Estados Unidos estavam destinados a ser a super potência mundial a nível económico, social e cultural. Dez anos depois e com os ataques do 11 de Setembro, a hegemonia americana viu-se afectada. As guerras com o Afeganistão e Iraque vieram fragilizar ainda mais o Império Americano, que desde o início da crise económica parece estar no seu declínio.

Será que a América, a grande potência do século XX, pode colapsar e perder todo o seu poder? Será que vai seguir o exemplo de muitos outros impérios que hoje não passam de história? Afinal será que os americanos são tão diferentes dos britânicos, portugueses, espanhóis, franceses etc? Será que os Estados Unidos aprenderam com os erros dos impérios passados?

Glubb Pasha, um grande general britânico e historiador, escreveu um livro em 1978 chamado "The Fate of Empires and the Search for Survival" onde dizia que todos os Impérios seguiram um padrão comum que consistia no crescimento, expansão, declínio e colapso.

Será que os Estados Unidos são diferentes ou encontram-se mesmo na fase do declínio? Basta olhar para a cultura americana para ver um certo declínio e sobretudo nota-se bastante fadiga militar. Denominador comum a todos os impérios caídos. Como dizia Sir Winston Churchill, primeiro ministro britânico: "Quanto mais longe você consegue olhar para o passado, tão mais longe você está apto para ver o futuro."

As 7 etapas dos impérios

Glubb Pasha dizia que diferentes impérios tiveram mudanças culturais semelhantes, enquanto experimentavam um ciclo de vida numa série de etapas que poderiam se sobrepor. Glubb Pasha identificou nos impérios, sete estágios de desenvolvimento, identificando as fases sucessivas da seguinte forma:


  • A fase de expansão ou dos pioneiros.
  • A fase das conquistas.
  • A fase do comércio.
  • A fase da afluência.
  • A fase do intelecto.
  • A fase da decadência.
  • A fase do declínio e colapso.

Cada fase ajuda no avanço para a seguinte, na medida em que os valores das pessoas mudam ao longo do tempo. Factores militares, políticos, económicos e religiosos podem influenciar a população de um império a agir e acreditar de forma diferente ao longo do tempo.
Vamos olhar para estes estágios com mais detalhes.

A ascensão dos impérios

Nas duas primeiras fases, os valores aventureiros e viris do guerreiro conduzem um império para ganhar mais poder com a conquista de território dos outros.
Mais tarde, durante as fase de comércio e riqueza, os empresários e comerciantes - que normalmente valorizam o sucesso material e não gostam de tomar riscos desnecessários - assumem os postos mais altos níveis da sociedade. Enquanto os valores do soldado vão perdendo força.
De acordo com Glubb, as sociedades normalmente fazem isto não por motivos de consciência, mas por causa do enfraquecimento do sentido de dever dos cidadãos, o aumento no egoísmo manifesta-se no desejo de riqueza e ascensão.

Durante a fase da afluência e do intelecto, os impérios param de conquistar mais terra e começam a construção de muros em vez disso. Eles mudam de uma postura ofensiva para outra mais defensiva. Os exemplos históricos incluem o muro construído perto da fronteira escocesa pelo imperador romano Adriano, a Grande Muralha da China construída para impedir a entrada de certos grupos nómadas, e até mesmo no século XX a construção da Linha Maginot na França ao longo da fronteira com a Alemanha.

Mais tarde, o investimento empresarial é promovido pelo império. Constrói-se a riqueza que leva à idade de intelecto. Até mesmo o brutal Império Mongol, que teve a maior parte da Ásia sob o seu domínio, incentivou o comércio de caravanas ao longo da famosa Rota da Seda da Eurásia. Durante esta 5ª etapa, os líderes do império gastam muito dinheiro em obras sociais, como são o estabelecimento de instituições de ensino que se assemelham modernas universidades e escolas secundárias.

A queda dos impérios

Durante a fase do intelecto, as escolas produzem intelectuais cépticos que se opõem aos valores e crenças religiosas dos primeiros líderes do império. Por exemplo, os filósofos muçulmanos medievais Avicena e Averróis, aceitando muito da filosofia grega antiga, não eram crentes no Islão.

Os intelectuais que também gerem escolas ensinam à classe dominante algumas das crenças comuns da maior parte das pessoas que por norma são orientadas essencialmente para o sucesso financeiro ou são simplesmente impraticáveis. Por exemplo, no início da República Romana, os alunos recebiam uma educação básica que enfatizava o desenvolvimento do caráter e da virtude. Mas no final do Império Romano, os professores ensinaram retórica (a arte de falar), quando os elementos do carácter e da virtude já não eram de valor político ou prático.

Os efeitos corrosivos do sucesso material incentivam as classes média e alta para descartar os valores, da disciplina e da confiança que ajudaram a criar o império. Em seguida, o império eventualmente colapsa. Talvez um poder externo, como os bárbaros no caso de Roma, o destruam. Ou talvez uma força interna como os reforma pró-capitalismo na União Soviética, termina o trabalho.

O crescimento da riqueza e do conforto acabam por destruir a virtude do carácter, como são a disciplina e o sacrifício. O império é tão afectado pela perda de valores que acaba por ficar exposto tanto a forças externas como internas.

Não surpreendentemente, Deus na Bíblia avisou especificamente os antigos israelitas sobre deixar de adorá-lo, uma vez que estes se tornassem materialmente satisfeitos depois de entrar na Terra Prometida. (Deuteronómio 8, 11-20)

Quais são alguns dos principais sinais de declínio?

Glubb descreve algumas das características comuns da cultura de um império no seu período de declínio:


  • Imoralidade sexual desenfreada, a aversão ao casamento em favor de "viver juntos" e um aumento da taxa de divórcio, tudo combinado para destruir os valores da família. Isto aconteceu entre a classe alta no final República Romana e início do Império. O escritor Seneca uma vez escreveu sobre as mulheres romanas da classe alta: "Elas divorciam-se para se casarem e casam-se novamente para se divorciarem". As quedas de taxa de natalidade e aumento de abortos e infanticídios estão relacionados com os valores da família.
  • Muitos imigrantes estrangeiros a viver na capital do império e nas grandes cidades. A mistura de grupos étnicos na proximidade destes lugares cosmopolitas produz inevitavelmente conflitos. Por causa do seu lugar de destaque dentro do império, a quantidade de emigrantes vai ultrapassando muito a percentagem da população nativa. A diversidade acaba por levar a divisão. Vemos isso hoje em muitos países da Europa como a França ou Inglaterra, onde há sempre choques de culturas.
  • Aumenta a irresponsabilidade, o epicurismo e o pessimismo. Quando o pessimismo aumenta na sociedade, os individuos deixam de procurar resolver esses problemas e tornam-se em vítimas do ócio, do prazer sexual e das drogas em detrimento dos valores de disciplina, trabalho e sacrifício. As festas dos imperadores romanos são bastante conhecidas pelo gasto excessivo em futilidades.
  • Estado do Bem-Estar No caso da cidade de Roma, que teria aproximadamente 1,2 milhões de pessoas ao redor de 170 dC, o governo providenciava "pão e circo" (comida e entretenimento) para ajudar a manter as massas felizes. Cerca de metade da sua população não-escrava ia para a fila do desemprego, pelo menos, uma parte do ano.
Estaremos perante uma transição de impérios?

Ao mesmo tempo que vemos os Estados Unidos entrarem numa espiral de declínio social e económico, vemos a rápida ascensão da China através do comércio. Enquanto os americanos estão desmoralizados, os chineses abrem-se ao mercado e tornam-se na maior economia mundial em 2014. Estamos perante uma transição que já assistimos nos últimos séculos e desta vez fazemo-lo a tempo real numa escala global. Uma coisa é certa, a história tende sempre a repetir-se.

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