A democracia é um regime que convive lado a lado com dois valores essenciais: igualdade e a liberdade. Esse convívio não é fácil. Entre os dois, habita o que eu chamo de sensibilidade democrática, um conjunto de características que vão além do mero debate acerca das instituições democráticas, como poderes públicos, partidos, eleições, etc.
A democracia é o regime político menos maus e até ao que sabe, os especialistas dizem que precisamos de nos organizar em grupos, mas daí até fazer concessões ao grupo em troco de segurança vai um caminho grande. Claro que é preciso organização, mas deverá o grupo decidir o que é o melhor para o indivíduo? O que a democracia não pode ser é o "regime dos direitos", isto porque os direitos são inseparáveis dos deveres. Talvez seja por isso que hoje até os frangos ou as ovelhas têm direitos, porque é feita a separação seja por ignorância ou por marketing político.
Mas, independentemente de a democracia ser nossa melhor opção, não é perfeita, claro. Como dizia Tocqueville, a democracia tem impactos específicos nos humores, temperamentos, hábitos e costumes. A sensibilidade democrática é parte desses impactos.
Uma coisa que salta logo à vista é o facto de quando alguém critica a democracia é logo chamado de fascista, nazi, antidemocrático. A democracia é muito sensível, qualquer coisa e ela "grita" logo. Não me deixo enganar, esse "grito" mais não é do que a vocação tirânica da democracia ser o regime do povo. O “povo” é sempre opressor, Rousseau e Marx são dois mentirosos. Mesmo na Bíblia, quando os profetas de Israel criticavam os poderosos, também criticavam o “povo”, que nunca foi herói de nada.